Foto da capa Os Irmãos Karamázov. Exclusivo do blog. |
Brátia Karamázovi
Autor:
Fiódor Dostoiévski
Origem:
Rússia
Tradução:
Natália Nunes e Oscar Mendes
Editora:
Círculo do Livro
Ano:
1879
Este livro não pode ser lido quando você está cansado, estressado, cheio de problemas ou a procura de livro para ler “só por ler”. Tem que estar com a mente aberta, espírito elevado, com muito foco e totalmente desperto (por isto, ler antes de dormir está fora de cogitação). Se desviar a atenção por um instante, volta para o começo da página, porque você não vai entender mais nada.
Os Irmãos Karamázov tem um ponto muito negativo: você vai lendo, lendo, lendo... Não está acontecendo nada de mais, só está explicando o caminho que ele está percorrendo... Desvia a mente para outro lugar, algo mais interessante, como o som da mosca que está rodando seu ouvido há horas... E quando volta a atenção para o livro... CARAMBA! O QUE ESTÁ ACONTECENDO? COMO ASSIM ELE MORREU? É... Eu não sei muito bem como classificar um livro assim, mas é irritante. Tive que voltar muitas vezes para entender e só quando eu terminei s seiscentas páginas (acho que é esse o total), eu pensei: “Tenho que reler quando estiver mais calma”. Ainda não fiz isso, porque a história está muito fresca na minha cabeça, mas pretendo algum dia.
Antes de mais nada, o nome Karamázov é forjado, como está escrito na primeira folha na nota do rodapé. É a união da palavra “kara” (punição) e do verbo “mázat” (sujar, não acertar), o que simbolicamente significa “aquele que com seu comportamento desacertado provoca a própria punição”.
A história conta sobre três irmãos de mesmo pai, o devasso e avarento Fiódor Pávlovitch, mas com mães diferentes: Dmítri (o bobo brutal), filho da primeira mulher; Ivan (o louco sensato) e Alieksiéi (o santo sensual, herói “não-notável” da trama, de nome tão estranho que eu precisei consultar o livro para escrever), da segunda esposa.
Digo que Alieksiéi era sensual não pelo seu jeito, mas porque os Karamázov tinham uma grande e imutável fama de luxuriosos. E esta fama parecia ter se agregado em Fiódor e em Dmítri, pois ambos se apaixonaram pela mesma prostituta, Grúchenhka, e por ela lutaram com unhas e dentes, mesmo que Dmítri estivesse noivo de Iekaterina Ivánovna, moça jovem, rica e bonita, além de ser muito amada por Ivan. Durante a trama, por um breve momento, cheguei a acreditar que as duas mulheres (Grúchenhka e Iekaterina) estavam apaixonadas por Alieksiéi, mas não tenho certeza se foi só impressão minha ou era a intenção do autor deixar isto no ar. Bem, deu a entender que elas tinham uma quedinha por ela, mas eu não tenho certeza.
Alieksiéi, para a grande surpresa do mundo, entra na vida monástica. A partir do momento em que entra para o mosteiro, o livro torna-se... Filosófico. Uma grande questão é lançada que fica rodando na minha cabeça até hoje: “Deus criou o homem ou o homem criou Deus?”. Esta pergunta é feita repetidas vezes durante o livro, principalmente por Ivan que, depois de ver a pobre Iskaterina ser abandonada por Dmítri, não consegue conquistá-la pelo amor que ela ainda nutre pelo irmão mais velho e, assim, Ivan vai aos poucos perdendo sua sanidade e razão de viver. Durante a estadia de Aliócha (levei capítulo para entender que Aliócha e Alieksiéi eram a mesma pessoa) no mosteiro, o livro gira ao redor das questões divinas.
Porém, quando o livro vai deixando a espiritualidade e parte para as personagens em si, o tema principal passa a ser outro: a herança dos Karamázov. Dinheiro é um grande problema, principalmente para Dmítri, que parece gastar mais do que possui. Entretanto, seu pai possui uma pequena fortuna que seria por direita passada a ele quando o velho morresse.
Mas como já dito antes, Fiódor e Mítia (outro apelido que eu demorei a entender que se tratava de Dmítri) tem uma rixa por causa de Grúchenhka e... Bem, a coisa fica feia entre os dois quando se trata da “moça”. Os dois entram em guerra por ela, mas parece que Fiódor leva uma grande vantagem, já que Dmítri não tem dinheiro e morre de medo de magoar sua noiva (não sei por que, mas ele fica o tempo todo com a consciência pesada. Já fez a cagada, filho, agora termina!).
Alieksiéi ficará bem no meio de toda a confusão, tentando manter todo mundo vivo e são da cabeça, mas nem mesmo um herói “não-notável” como ele é capaz de segurar a fúria Karamázov.
Uma coisa muito interessante que eu aprendi no livro (mesmo ele não tratando abertamente do assunto) é que os homens levam o nome do pai com um “vitch” no final. Aliócha, por exemplo, chama-se Alieksiéi Fiodorovitch Karamázov.
Bem, focando-se novamente, o que eu realmente gostei neste livro é a realidade das personagens. Elas não são bonitinhas, espertinhas, perfeitinhas como sempre. Tem defeitos que não acabam mais: são loucas, brutais, impulsivas, emocionais, avarentas, depressivas, insanas... Deixam aparecer em suas faces aquele lado que as pessoas tentam esconder: se fazer de vítima, esconder dinheiro até dos familiares, cobiçar o parceiro do outro, questionar o que não deve ser questionado. São tão reais que, se me dissessem que elas realmente existiram, eu acreditaria.
O autor, Fiódor Dostoiévski... Bem, eu nem vou me dar ao trabalho de elogiá-lo. Ele está muito acima do meu patamar, então não faz muito sentido enaltecer alguém deste nível. Só posso dizer que ele é genial! Fiquei meio confusa neste livro, porque não estou acostumada ao estilo, mas o livro é genial.
Novamente, digo: não leia se não estiver pronto, você irá se perder. Mas, caso esteja espiritualmente preparado, o livro vale muito a pena.
P.S.: só queria um espaço rápido para contar como eu consegui este livro. Foi por indicação do meu professor de literatura (40% dos livros que eu leio, é por indicação dele. 50% é da minha mãe. Os outros 10%, eu que estava a fim). Ele me disse – durante uma prova, lembro até hoje – que estava na hora de ler alguma coisa mais suculenta, mais substanciosa. Ele escreveu no meu caderno dois livros: Os Irmãos Karamázov e O Corcunda de Notre Dame (este eu ainda não li). Conversei com minha mãe sobre eles, porque é ela quem paga meus livros, e minha irmã disse que Os Irmãos Karamázov era um livro muito caro, mas que ela ouviu dizer que era muito bom. Eu, muito inteligente, juntei uns livros bobos (mas em bom estado) e fui até um sebo vender. O vendedor me ofereceu doze reais, mas eu enxerguei bem ali no montinho de livros o volume que aparece na foto acima e troquei os meus livretos por ele (e ainda fiquei com cinco reais). Está bem velhinho, amarelado e não tem nada de mais, mas eu o acho um dos mais lindos que eu tenho. Vai dizer que não?
P.S.2: você sabia que a personagem Iekaterina Ivánovna foi inspirada na amante de Dostoiévski?
P.S.3: FELIZ 2012!!!
1879
Este livro não pode ser lido quando você está cansado, estressado, cheio de problemas ou a procura de livro para ler “só por ler”. Tem que estar com a mente aberta, espírito elevado, com muito foco e totalmente desperto (por isto, ler antes de dormir está fora de cogitação). Se desviar a atenção por um instante, volta para o começo da página, porque você não vai entender mais nada.
Os Irmãos Karamázov tem um ponto muito negativo: você vai lendo, lendo, lendo... Não está acontecendo nada de mais, só está explicando o caminho que ele está percorrendo... Desvia a mente para outro lugar, algo mais interessante, como o som da mosca que está rodando seu ouvido há horas... E quando volta a atenção para o livro... CARAMBA! O QUE ESTÁ ACONTECENDO? COMO ASSIM ELE MORREU? É... Eu não sei muito bem como classificar um livro assim, mas é irritante. Tive que voltar muitas vezes para entender e só quando eu terminei s seiscentas páginas (acho que é esse o total), eu pensei: “Tenho que reler quando estiver mais calma”. Ainda não fiz isso, porque a história está muito fresca na minha cabeça, mas pretendo algum dia.
Antes de mais nada, o nome Karamázov é forjado, como está escrito na primeira folha na nota do rodapé. É a união da palavra “kara” (punição) e do verbo “mázat” (sujar, não acertar), o que simbolicamente significa “aquele que com seu comportamento desacertado provoca a própria punição”.
A história conta sobre três irmãos de mesmo pai, o devasso e avarento Fiódor Pávlovitch, mas com mães diferentes: Dmítri (o bobo brutal), filho da primeira mulher; Ivan (o louco sensato) e Alieksiéi (o santo sensual, herói “não-notável” da trama, de nome tão estranho que eu precisei consultar o livro para escrever), da segunda esposa.
Digo que Alieksiéi era sensual não pelo seu jeito, mas porque os Karamázov tinham uma grande e imutável fama de luxuriosos. E esta fama parecia ter se agregado em Fiódor e em Dmítri, pois ambos se apaixonaram pela mesma prostituta, Grúchenhka, e por ela lutaram com unhas e dentes, mesmo que Dmítri estivesse noivo de Iekaterina Ivánovna, moça jovem, rica e bonita, além de ser muito amada por Ivan. Durante a trama, por um breve momento, cheguei a acreditar que as duas mulheres (Grúchenhka e Iekaterina) estavam apaixonadas por Alieksiéi, mas não tenho certeza se foi só impressão minha ou era a intenção do autor deixar isto no ar. Bem, deu a entender que elas tinham uma quedinha por ela, mas eu não tenho certeza.
Alieksiéi, para a grande surpresa do mundo, entra na vida monástica. A partir do momento em que entra para o mosteiro, o livro torna-se... Filosófico. Uma grande questão é lançada que fica rodando na minha cabeça até hoje: “Deus criou o homem ou o homem criou Deus?”. Esta pergunta é feita repetidas vezes durante o livro, principalmente por Ivan que, depois de ver a pobre Iskaterina ser abandonada por Dmítri, não consegue conquistá-la pelo amor que ela ainda nutre pelo irmão mais velho e, assim, Ivan vai aos poucos perdendo sua sanidade e razão de viver. Durante a estadia de Aliócha (levei capítulo para entender que Aliócha e Alieksiéi eram a mesma pessoa) no mosteiro, o livro gira ao redor das questões divinas.
Porém, quando o livro vai deixando a espiritualidade e parte para as personagens em si, o tema principal passa a ser outro: a herança dos Karamázov. Dinheiro é um grande problema, principalmente para Dmítri, que parece gastar mais do que possui. Entretanto, seu pai possui uma pequena fortuna que seria por direita passada a ele quando o velho morresse.
Mas como já dito antes, Fiódor e Mítia (outro apelido que eu demorei a entender que se tratava de Dmítri) tem uma rixa por causa de Grúchenhka e... Bem, a coisa fica feia entre os dois quando se trata da “moça”. Os dois entram em guerra por ela, mas parece que Fiódor leva uma grande vantagem, já que Dmítri não tem dinheiro e morre de medo de magoar sua noiva (não sei por que, mas ele fica o tempo todo com a consciência pesada. Já fez a cagada, filho, agora termina!).
Alieksiéi ficará bem no meio de toda a confusão, tentando manter todo mundo vivo e são da cabeça, mas nem mesmo um herói “não-notável” como ele é capaz de segurar a fúria Karamázov.
Uma coisa muito interessante que eu aprendi no livro (mesmo ele não tratando abertamente do assunto) é que os homens levam o nome do pai com um “vitch” no final. Aliócha, por exemplo, chama-se Alieksiéi Fiodorovitch Karamázov.
Bem, focando-se novamente, o que eu realmente gostei neste livro é a realidade das personagens. Elas não são bonitinhas, espertinhas, perfeitinhas como sempre. Tem defeitos que não acabam mais: são loucas, brutais, impulsivas, emocionais, avarentas, depressivas, insanas... Deixam aparecer em suas faces aquele lado que as pessoas tentam esconder: se fazer de vítima, esconder dinheiro até dos familiares, cobiçar o parceiro do outro, questionar o que não deve ser questionado. São tão reais que, se me dissessem que elas realmente existiram, eu acreditaria.
O autor, Fiódor Dostoiévski... Bem, eu nem vou me dar ao trabalho de elogiá-lo. Ele está muito acima do meu patamar, então não faz muito sentido enaltecer alguém deste nível. Só posso dizer que ele é genial! Fiquei meio confusa neste livro, porque não estou acostumada ao estilo, mas o livro é genial.
Novamente, digo: não leia se não estiver pronto, você irá se perder. Mas, caso esteja espiritualmente preparado, o livro vale muito a pena.
P.S.: só queria um espaço rápido para contar como eu consegui este livro. Foi por indicação do meu professor de literatura (40% dos livros que eu leio, é por indicação dele. 50% é da minha mãe. Os outros 10%, eu que estava a fim). Ele me disse – durante uma prova, lembro até hoje – que estava na hora de ler alguma coisa mais suculenta, mais substanciosa. Ele escreveu no meu caderno dois livros: Os Irmãos Karamázov e O Corcunda de Notre Dame (este eu ainda não li). Conversei com minha mãe sobre eles, porque é ela quem paga meus livros, e minha irmã disse que Os Irmãos Karamázov era um livro muito caro, mas que ela ouviu dizer que era muito bom. Eu, muito inteligente, juntei uns livros bobos (mas em bom estado) e fui até um sebo vender. O vendedor me ofereceu doze reais, mas eu enxerguei bem ali no montinho de livros o volume que aparece na foto acima e troquei os meus livretos por ele (e ainda fiquei com cinco reais). Está bem velhinho, amarelado e não tem nada de mais, mas eu o acho um dos mais lindos que eu tenho. Vai dizer que não?
P.S.2: você sabia que a personagem Iekaterina Ivánovna foi inspirada na amante de Dostoiévski?
P.S.3: FELIZ 2012!!!