segunda-feira, 22 de abril de 2013

Ubik, de Philip K. Dick


Título Original:
Ubik
Autor(a):
Philip K. Dick
Origem:
EUA
Tradução:
Ludimila Hashimoto
Editora:
Aleph
Ano de publicação:
1969


Olá, meus lindos leitores. Acabei de voltar do cinema com meu pai depois de assistir Oblivion, com Tom Cruise, Morgan Freeman e Nikolaj Coster-Waldau, uma ficção-científica cheia de ação, alienígenas e fim do planeta. O filme é muito bom (os efeitos estavam ótimos, a trilha incrível, a história foi levemente clichê, mas ainda assim bem elaborada), porém tenho que fazer uma crítica: não curto roteiros que deixam várias perguntas no ar e só esclarecem nos últimos cinco minutos do filme. Modéstia a parte, não sou desses que só acompanham o filme: fico pensando, tentando desvendar, adivinhar o que vem e sacar o que o diretor quis passar. Entretanto, quando começam a ser lançadas pistas sobre o mistério que só te deixam com um ponto de interrogação na cabeça, eu me atrapalho e o filme não parece fazer mais sentido. Sinto-me uma ignorante quando isto acontece, mas quando eu vejo pela segunda vez, logo penso: “Ah! Estava na cara o tempo todo!”. Para quem gosta de filme futuristas onde o mundo foi destruído, alienígenas, heróis bonitos (Tom Cruise, quando está em um filme de ação, ninguém segura) e ação com tecnologia, é um ótimo filme.
Entrando no clima da ficção-científica, resolvi resenhar sobre um ótimo livro com esta temática: Ubik, de Philip K. Dick. Este também deixa muitas perguntas para o final, mas são questões mais básicas para se ter uma história.
No ano de 1992, Glen Runciter é o chefe da Runciter & Associados, uma empresa de agentes inerciais, pessoas com poderes especiais, capazes de neutralizar outras pessoas especiais que são contratadas para espionar grandes instituições, os psis. Ao lado de Glen temos sua esposa, Ella, mantida em “meia-vida” (a pessoa em meia-vida é mantida temporariamente viva depois de algum acontecimento fatal e pode ter sua consciência “ativada” pelo responsável até a sua ressurreição), e Joe Chip, que tem sérios problemas financeiros e de relacionamento. Neste futuro do final do século XX, o capitalismo e a tecnologia estão em seu auge: máquinas são capazes de interagir com humanos e cobrar pagamento por tudo, como abrir a porta da sua casa ou pegar o jornal. Viagens espaciais e intercontinentais em instantes também são muito frequentes e comuns.
O enigma começa quando Joe Chip descobre uma inercial com poderes nunca antes vistos: ela é capaz de alterar o passado. Desconfiado, ele a leva até seu chefe e o alerta do perigo que ela representa. Glen, por sua vez, contrata-a para testá-la.
Surge então uma proposta interessante para a Runciter & Associados: uma missão na lua muito suspeita leva Glen a juntar seus melhores profissionais, incluindo Chip, para investigá-la. Entretanto, a tal missão era uma emboscada: uma bomba explode e Glen morre. Joe, desesperado para manter Glen vivo e conseguir uma luz no caminho que leva até o mandante do atentado, corre com os outros inerciais para colocar o líder em meia-vida, entretanto, no caminho de volta, todos notam que o mundo está estranho: seus produtos, antes tão perfeitos, decompõe-se em suas mãos e artefatos antigos começam a tomar conta dos novos. Ninguém entende bem o que está acontecendo, mas o objetivo é manter Glen vivo.
O tempo continua a retroceder. Depois de colocar Glen em meia-vida, perto de Ella, todos se empenham em descobrir a razão para o regresso dos anos, porém, quando um dos inerciais também se decompõe e morre, Chip vê a verdadeira ameaça: estão todos correndo o risco de vida. Como se já não bastasse a deterioração do material e o recuo temporal, estranhos sinais de Runciter começam a surgir nos lugares mais inusitados. Ele estava tentando mandar uma mensagem para Chip, mas este não conseguia compreendê-las: onde estava a ligação de todos estes episódios? Onde tudo começou? Onde iria parar? Como Joe salvaria a si e a todos?
Quando eu disse que este livro tinha mistérios básicos para uma história, fui muito branda: algumas interrogações confundiram bastante, porém é muito mais fácil criar teorias em um livro, que você pode parar e pensar, do que em um filme, onde a imagem, o som, a emoção e a companhia te impedem de parar a cada minuto para formular hipóteses.
Houve um ponto negativo que eu não posso deixar de comentar: a cena da bomba. Sem querer dar spoiler, porém a cena mais importante do livro pecou no quesito detalhe e emoção. Quando as personagens percebem que são vítimas de uma emboscada e que há uma bomba, tudo corre rápido demais e o leitor pode sentir-se desnorteado. Depois da explosão, a morte de Glen é anunciada tão rápida e a corrida para salvá-la acontece tão de repente que fica complicado entender bem o que está acontecendo. Mas, analisando um pouco mais a fundo, talvez a resposta para a grande interrogação que fica no final do livro esteja neste trecho acelerado.
Gostei bastante do estilo de Philip K. Dick. Durante minha leitura, descobri que o filme O Vingador do Futuro foi inspirado em um de seus livros: o filme é bom, mas muito previsível. Não tenho certeza quanto ao livro, pois o filme é para algum momento “não tenho o que ver”. Voltando ao Ubik, este sim é muito recomendável, mas para quem entende de narrações futuristas. 

terça-feira, 9 de abril de 2013

Til, de José de Alencar


Título Original:
Til
Autor(a):
José de Alencar
Origem:
Brasil
Tradução:
*livro nacional*
Editora:
Martin Claret
Ano de publicação:
1872


Til contará a história de Berta, mas sua trama começa muito antes de nascer. Berta, chamada de Inhá ou Til, é uma linda e encantadora jovem, filha de criação de Nha Tudinha, mãe de Miguel, que sofre de uma paixão violenta pela meia-irmã. Porém, a típica heroína romântica, que também ama o irmão, sacrifica seus sentimentos pelos de Linda, sua melhor amiga, que também sofre de amores pelo rapaz, outro típico herói romântico (corajoso, bonito, no auge de sua juventude e força, tomado por fortes emoções, pobre e sonhador). Já Afonso, irmão de Linda, também é apaixonado por Berta, porém seu amor é mais truculento e sensual, não o sentimento puro e ingênuo que Berta sente por todos. Ainda neste romance temos Brás, primo de Linda e Afonso, que sofre de distúrbios e, portanto, é completamente excluído de sua família, principalmente pela elegante e “europetizada” D. Ermelinda, sua tia. Entretanto, Brás foi acolhido pelo afeto de Berta, que ele apelidou de Til por ser o único sinal da gramática que sua mentalidade conseguia identificar através do fascínio.
Estes amores podem ser belíssimos, mas sempre encontram obstáculos. O principal é a diferença de classes de Miguel e Berta com relação à Linda e Afonso. D. Ermelinda jamais permitiria que seus filhos tivessem qualquer relação com alguém de classe inferior, portanto proibia os adolescentes de se encontrarem. Contudo, em passeios secretos, o quarteto juntava-se no Tanquinho, na fazenda de Palmas, que pertencia ao pai de Afonso, Luís Galvão.
Este último guarda um grande segredo, conhecido apenas pelo temido capanga Jão Fera, ou Bugre, que se ressente do grande latifundiário por este motivo oculto. Entretanto, Jão Fera e Luís Galvão foram criados juntos e certo afeto ainda existe entre os dois no início do livro. O Bugre tem a fama de uma grande mercenário assassino e tem sua cabeça colocada a prêmio, sendo invejado por Gonçalo, outro capanga cujo maior sonho era amedrontar as pessoas apenas por ouvirem seu nome. Esta inveja de Pinta, seu apelido que tanto detestava, trará grandes problemas à Jão Fera que é procurado por caçadores de recompensas.
A fama do Bugre chega aos ouvidos de Barroso, personagem muito suspeito e misterioso, que surgiu pelas redondezas com o desejo de vingança contra Luís Galvão sabe Deus por qual motivo. Barroso contrata os serviços de Jão, que aceita o dinheiro antes mesmo de saber quem seria a vítima. Quando descobre que terá que emboscar Galvão, Jão hesita, mas, como colocou sua palavra em jogo, vai até o fim.
No dia do ataque, Jão estava prestes a atacar Galvão quando surge Berta, que pressentia algo de ruim quando cruzara com o capanga mais cedo. Com a ameaça de desprezo, Berta consegue fazer Jão desistir do ataque e procurar um meio de pagar sua dívida.
Barroso planeja então outro ataque a Luís Galvão: no dia de São João, durante a madrugada, tocaria fogo no canavial de Galvão. Este último correria para apagar o fogo, mas neste momento, sofreria um atentado e seu corpo seria jogado no fogo. Barroso se aproximaria da família de Luís e tomaria a viúva para si, completando então sua vingança. Contudo, Jão ainda está por perto para impedir os planos de Barroso e reconhecer a verdadeira face do maligno.
Já Berta tem outros mistérios: Zana, uma velha negra demente que vive em uma casa aos pedaços. Depois de muito observá-la, Berta descobre que a louca tinha uma sequencia de atos, o que indicava os últimos atos lúcidos da mulher. Por muito tempo, Berta formulou teorias sobre o que aquela cena representava, mas o que ela não imaginava era episódio estava intrinsecamente ligado à sua história.
Til, livro tipicamente romântico e regionalista, é uma das principais histórias de José de Alencar, apesar de ser de longe a melhor. Pode parecer bem complicado com suas palavras rebuscadas (para nossa linguagem atual), mas com o ritmo da leitura, o contexto já esclarece as principais dificuldades do leitor. Texto extremamente detalhado, principalmente quando se trata de emoções, ideias, psíquico ou natureza, é o grande trunfo do autor pela sua habilidade em escrever... Para ser mais sincera, eu diria seu dom de escrever, apesar de ser muitas vezes exaustivo.

P.S.: o livro atraiu minha atenção até a decisão de Berta em relação a Miguel. Final picolé de chuchu! 
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