Assim que eu receber meu livro de volta, teremos uma fotinho! =] |
La sombra del viento
Autor(a):
Carlos Ruiz Zafón
Origem:
Espanha
Tradução:
Marcia Ribas
Editora:
Suma de Letras
Ano de publicação:
2001
2001
Como prometido, uma nova resenha depois de muito tempo!
Espero que eu já esteja perdoada pela minha falta de comprometimento... E para
compensar, uma resenha de tirar o fôlego.
Daniel Sempere, apesar de novo, é um amante de livros
inigualável, já que passara a vida toda entre as folhas amareladas e cheirando
a mofo de velhos livros que habitavam a livraria de seu pai, com quem vive
sozinho. Sua mãe falecera há alguns anos e, uma noite, Daniel se dá conta que
não se lembra mais do rosto dela, o que o leva a ficar desesperado.
Devo apenas observar que o curto diálogo entre Daniel e seu
pai é de dilacerar qualquer coração, então não tem como o leitor não se
contagiar com a história e jogar-se nela de cabeça:
“- Não consigo lembrar-me da cara
dela. Não consigo lembrar-me da
cara da mamãe - murmurei ofegante.
O meu pai abraçou-me com força.
- Não te preocupes, Daniel. Eu me lembrarei
pelos dois.”
Antes mesmo
que amanheça, seu pai decide levá-lo a um lugar especial e faz nosso jovem herói
prometer que nunca contará a ninguém sobre ele, nem a seu melhor amigo. Eles
atravessam as ruas de Barcelona enquanto esta acordava até chegar a um antigo
prédio e serem recebidos por um peculiar porteiro... Melhor dizendo, um
guardião.
Era a primeira
que Daniel entrava no Cemitério dos Livros Esquecidos, lugar para onde um
volume de todos os livros já publicados são guardados, esperando alguém encontrá-los
e revivê-los. O menino fica extasiado com a imponência, magnitude e esplendor
daqueles estantes que serpenteavam infinitamente em um labirinto de livros
gastos e empoeirados. Claro, não estou à altura de Carlos Ruiz Zafón para
descrever a grandiosidade do cemitério, afinal, como o leitor perceberá na
leitura, Zafón tem uma capacidade maravilhosa de descrição que tira o fôlego e
leva a uma viagem de sensações.
Seu pai
então lhe passa uma missão, que é transmitida a todos que têm a oportunidade de
entrar naquele lugar mágico: ele deveria adotar um livro e reviver sua
história. Daniel sai pelos corredores à procura de algo que lhe atrai entre
tantas preciosidades, passando a mão pelas lombadas e sentindo a alma que
existia dentro de cada...
Mas o
destino levaria nosso pequeno até um tímido livro que se encontrava no canto de
uma estante, de capa vinho e letras douradas, e Daniel soube que aquele seria o
livro que ele adotaria... Ou, nas palavras de Daniel, que iria adotá-lo.
A Sombra do
Vento. Um título forte... Mas nem de longe será tão forte quanto a ligação que
Daniel estabelecerá com esse livro e seu misterioso autor, Julián Carax.
Quando
voltam para casa, Daniel se entrega à leitura e (como é bem frequente com
qualquer leitor) não consegue parar de ler. Em apenas um dia, ele o termina e
fica assombrado com a belíssima e viciante história. Inspirado, Daniel sai a
procura de outros livros do mesmo autor, mas se surpreende ao descobrir que
ninguém o conheça ou que tenha seus livros. Seu pai, vendo a obsessão do
menino, leva-o para conversar com um homem que com certeza saberia algo sobre
esse autor misterioso.
Surge a
figura quixotesca de Don Gustavo Barceló, um intelectual quase cômico. Em seu
primeiro encontro com Daniel, oferece-se para comprar o livro, mas o menino só
tem um objetivo e livrar-se d’A Sombra do Vento está longe de sê-lo. Sem
alternativa, Barceló pede a Daniel para encontrá-lo no dia seguinte.
Porém desse
encontro, Daniel acaba por descobrir algo sobre os livros de Julián Carax: não
existiam mais, pois alguém os comprava e os queimava. Isso abre muitas dúvidas
na cabeça de Daniel, mas ele não desistirá.
É na casa de
Barceló que Daniel conhecerá a desgraça que se chama paixão: Clara Barceló é
uma sobrinha de Don Gustavo, de uma beleza inigualável, porém eternamente presa
em um mundo escuro pela cegueira. Conversando com Clara, Daniel descobre sobre
outros livros de Carax, mas a presença da moça o faz esquecer-se dele. Admirado
com aquela figura angelical, Daniel cai aos seus pés, dedicando todo o seu ser
a ela.
A devoção
que ele dedica acaba por alarmar seu pai, Don Gustavo e a emprega deste,
Bernarda. Todos o avisam que estava enrolando a corda no pescoço, mas Daniel não
lhes dá ouvidos, cometendo até a loucura de presentear Clara com A Sombra do
Vento.
Mas como era
de se esperar, Clara não o corresponde, apenas deixa-se admirar pelo menino,
abusando de sua paixão e boa vontade. Ou seja: cobra bitch!
Será neste
contexto de rejeição que Daniel conhecerá meu personagem favorito do romance:
Fermín Romero de Torres, um mendigo que é salvo pelos Sempere e devota sua vida
a compensá-los. É de Fermín que saem os comentários mais hilários, irônicos,
sarcásticos, inteligentes e ferinos de toda a trama. Logo Daniel e seu pai veem
a inteligência e astúcia de Fermín, que passa a trabalhar na livraria
encontrando livros raros e revendendo-os com uma lábia incrível, e logo o adotaram
como um membro da família. É essa lábia que ajudará Daniel a voltar em sua
busca pelo passado de Julián Carax.
Contudo, a
vida do autor se mostra mais sombria e perigosa do que Daniel esperava,
trazendo velhos e novos inimigos à tona. Um deles é um misterioso homem que
passa a vigiar Daniel e se mostra o responsável pelos poucos volumes publicados
de Carax. Além dele, um inspetor cruel ronda a vida deles, pronto para trazer a
desgraçada. Daniel descobrirá também que pessoas próximas a ele têm ligações
muito íntimas com Carax, mas que parecem pouco dispostas a cooperar, avisando-o
do perigo que era se envolver naquele legado de Carax.
Mas ninguém parece entender que tudo o que o
garoto faz não é por pura curiosidade: por algum motivo, a sua vida e a de
Carax estão unidas e é preciso desvendá-la para desvendar a si mesmo.
A grande
ironia do livro está na coincidência entre Daniel se afogar n’A Sombra do Vento
de Carax e eu me afogar n’A Sombra do Vento de Zafón (deve ser mal de nome).
Não fui tão rápida quanto Daniel, mas acabei em três dias. Não tive como
evitar: mesmo sabendo a depressão pós-livro que iria me abater, eu o engoli
quase desesperadamente. Esse livro tem aquele enredo de te fazer criar centenas
de teorias (e, claro, não acertar nenhuma) e te fazer pular da cadeira a cada
revelação (podem perguntar para minhas amigas, elas estavam perto quando tive uma
de minhas crises de gritar com o livro).
Como disse
antes, Carlos Ruiz Zafón tem uma capacidade fora do normal para descrever
cenários, pensamentos e sensações, fazendo seu leitor sentir-se na pele do
personagem. Eu recomendei este romance para todos os meus amigos que gostam de
ler e acabei emprestando para meu professor de literatura (sentiu a moral né?).
Foi com essa bruta história que reabro as portas do meu blog, agora com novo
título inspirado nesse maravilhoso livro.
P.S.: sei
que prometi uma publicação antes, mas a semana de provas e a FUVEST não deixaram...
Falando nessa prova cabeluda, me desejem sorte! Estou prestando Letras (típico
não é?)!