domingo, 29 de dezembro de 2013

A revolução dos bichos, de George Orwell

Título Original:
Animal Farm: a Fairy Store
Autor(a):
George Orwell
Origem:
Reino Unido
Tradução:
Heitor Aquino Ferreira
Editora:
Companhia das Letras
Ano de publicação:
1945

Esse livro foi uma indicação da minha professora de história superdiva. Sabe aquela pessoa culta que vai a vários eventos, lê os maiores e melhores livros (que estão na sua lista de “preciso urgentemente ler”), vê os filmes tops, sabe de todas as notícias (as que realmente importam) e ainda consegue conversar com você, humilde mortal, sem que se sinta rebaixado, pelo contrário: você também é culto e intelectual? Pois é, minha professora de história é assim. Meu sonho é ser um dia como ela (e como os também outros professores divos).
Bem, voltando ao assunto... Minha professora falou deste livro durante a aula de Revolução Russa (que, diga-se de passagem, eu piro demais). E adivinhem? Bateu aquela vontade absurda de lê-lo. Então você, meu caro leitor, pergunta: o que A revolução dos Bichos tem a ver com Revolução Russa? Ótimo pergunta, pois ai está a sacada do livro: George Orwell explicou todo um evento histórico usando analogias, ou seja, ele transformou a Rússia em uma fazenda e seus revolucionários em animais. Explicando bem por cima, alguns dirão “que porcaria”, mas não se enganem com meu jeito débil de explicar os enredos, se atenham ao fato de Orwell ser um gênio.
A Granja do Solar é uma grande fazenda pertencente ao Sr. Jones, um tirano bêbado e explorador, que está prestes a ser destronado por um levante de seus animais encabeçados pelos porcos Bola de Neve e Napoleão, através dos sábios ensinamentos do já falecido porco Major. A promessa era igualdade, união e liberdade, onde os animais seriam os novos donos da fazenda e trabalhariam nela de maneira igualitária sem excessos com o lema “quatro pernas bom, duas pernas ruim”.
A rebelião foi um sucesso e agora a fazenda recebia o nome de Granja dos Bichos. Algumas regras foram estabelecidas: o contato com humanos era proibido, afinal, a sina de suas vidas trabalhadoras e infelizes era culpa desses bípedes miseráveis; a casa grande deveria permanecer desocupada, ninguém poderia usar roupas, dormir em camas ou tomar bebidas alcoólicas, a comida seria repartida proporcionalmente a cada bicho, nenhum animal poderia matar outro animal, todos aprenderiam a ler e cantariam “Bichos da Inglaterra”, o hino da revolução.
Bola de Neve, a La Capitão Nascimento, dita sua frase de efeito: “humano bom é humano morto”. 
No começo, como em um conto de fadas, tudo é lindo e perfeito. Nenhum humano ditador estava por perto para amedrontar e há prosperidade, fartura e camaradagem. Em um momento, Jones com alguns outros fazendeiros tentam retomar a fazenda, mas os animais rapidamente se organizam e impedem o ataque, com destaque para Bola de neve e Sansão, o velho e mais do que esforçado cavalo, que foram condecorados com os títulos de Heróis Animais. 
Porém, um desacordo entre os líderes levou a fazenda ao caos: Bola-de-neve, muito empreendedor, planejava um moinho de vento para melhorar a produção, mas Napoleão era contrário ao projeto. No dia em que seria posta em votação sobre começar ou não o trabalho, Bola-de-neve é atacado por nove cachorros a mando de Napoleão e precisou fugir, desaparecendo para sempre. Os outros animais não entenderam, mas o porco explica que o fugitivo era na verdade um traidor que cooperava com os humanos para entregar a Granja dos Bichos. A partir daquele momento, algumas mudanças iriam acontecer: os debates aos domingos iriam acabar e as decisões seriam tomadas em reuniões apenas entre os porcos, sendo anunciadas depois aos outros bichos. A expulsão de Bola-de-neve foi tão assombrosa que os bichos não encontraram argumentos para protestar contra essa nova norma. Além do que, aqueles nove cachorros que seguiam Napoleão como um dia acontecera com Jones deixaram a todos quietos. 
Era o começo do fim. Um pouco depois, o moinho de vento começou a ser construído, mas os porcos não trabalhavam; a comida começou a escassear, enquanto para os líderes, havia de sobra; a canção dos Bichos da Inglaterra foi abolida e uma nova foi escrita; os porcos passaram a morar na casa grande e a beber álcool; a Granja dos Bichos passou a comercializar com outras fazendas... E surgiu um novo slogan: “todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais do que outros”. 
O ponto alto do livro, na minha singela opinião, está quando Sansão começa a adoecer (isso é um spoiler). Ele é o maior trabalhador da fazenda, o mais esforçado e um amante cego da causa, porém, quando sua força começa a faltar, os porcos tomam a decisão de mandá-lo ao veterinário. Um carro chega e Sansão é preso em sua carroceria. Os animais se aproximam para se despedir, mas o burro Benjamim começa a gritar dizendo que na lataria do carroção estava escrito que o cavalo seria levado a um matadouro. Foi de partir o coração ver aquele que mais se dedicou à causa ser traído daquele jeito.
Neste ponto, os animais começam a ver que sua revolução chegou a tal ponto que não havia volta. Os porcos estavam se assemelhando ao que eles lutaram para expulsar e suas vidas voltaram à miséria de antes. 
Como disse minha mãe, podemos relacionar esse livro com os tempos de hoje no Brasil. Eu não sou exatamente ligada à política (e justifico com a minha idade, mas serei franca e direi que eu simplesmente não me interesso), mas arrisco a dizer que ela tem razão. Esse é um dos livros que não importa quanto tempo passe, ele sempre será atual. 
E pensar que ele quase não foi publicado, pois vários editores o recusaram, já que naquele tempo a Rússia ainda era aliada para espantar a ameaça nazifascista. Com a Guerra Fria, o livro de George Orwell tornou-se um ícone de mensagens anticomunistas. 

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Inferno, de Dan Brown

Título Original: 
Inferno
Autor(a):
Dan Brown
Origem:
EUA
Tradução:
Fabiano Morais e Fernanda Abreu
Editora:
Arqueiro
Ano de publicação:
2013

Desde O Código Da Vinci, Dan Brown está entre os escritores contemporâneos mais lidos e, para não decepcionar seus leitores, está sempre com uma novidade. Apesar de “O símbolo perdido” não ter entrado para a minha lista de favoritos, o mesmo não pode ser dito de “Inferno” que eu defino em uma palavra: polêmico. Principalmente pela conclusão inesperada e o tema delicado que foi abordado sobre superpopulação.
Novamente temos o professor universitário Robert Langdon na trama, dessa vez ambientado pelas ruas das grandes metrópoles italianas (se eu fiquei com uma vontade absurda de visitar a Itália? Imagina...). Nosso professor acorda em uma cama de hospital sem memória e com um ferimento à bala. Não sabe onde está e nem como foi para lá, mas ele não tem muito tempo para descobrir, pois logo uma mulher de preto e cabelo curtos invade seu quarto e tenta matá-lo. Porém ele conta com a ajuda da jovem e bela doutora Sienna Brooks que mostra-se de uma inteligência excepcional, quase sobre-humana.
Langdon e Sienna fogem pelas ruas de Florença e, se não estivessem sendo perseguidos por uma assassina, ouso dizer que seria um passeio romântico (afinal, quem não quer andar com seu homem por Florença?). Ao chegar ao apartamento dela, Langdon tenta desvendar o motivo para estar na Europa, já que ele não se lembrar sequer de ter deixado o campus da universidade. Enquanto Sienna busca roupas mais apresentáveis para Robert com o vizinho, o professor descobre algumas coisas sobre sua ajudante como o fato dela ter sido uma criança prodígio, com prêmios cultuados de inteligência antes mesmo de ter dois dígitos de idade. Isso o faz se perguntar o porquê um gênio como ela é uma simples médica.
É naquele pequeno apartamento que a trama começará a se desenvolver. Sienna encontrou costurado no paletó de Robert um cilindro metálico com o aviso de risco biológico e, depois de um breve susto, ao abrirem-no encontram a reprodução de um quadro famoso de Botticelli, “Mapa do inferno”, inspirado na obra de Dante Alighieri, “Inferno”. Robert não entende como está portando um objeto daqueles, mas as respostas devem estar em Botticelli e em Alighieri.
Contudo, uma reviravolta: Robert liga para o consulado americano para buscar respostas de sua presença em território florentino, mas se surpreende ao constatar que seu próprio país enviou uma tropa de choque para encontrá-lo. Seja lá o que ele fizera no período em que perdeu a memória, a situação não era boa.
Perseguidos não somente pela assassina, mas também por aqueles soldados, a dupla improvável fará uma jornada pelos maiores museus de arte da Itália e desenterrarão (quase literalmente) os mortos. Uma grande personalidade que terá muito destaque é o próprio poeta Dante Alighieri e sua tocante história de amor com Beatriz, que infelizmente não teve um final feliz, apesar de ter sido um amor eterno. E eu, uma compulsiva por livros, fiquei com uma vontade absurda de ler “A Divina Comédia”.
Conforme vai desvendando sua falta de memória, Langdon percebe que tem uma missão muito maior do que salvar a si mesmo: ele precisa salvar a humanidade de um cientista obcecado com o poema épico dantesco, pois de alguma forma ele planeja resolver a situação de superpovoamente que atinge o mundo, colocando em risco a existência da humanidade. Não é apenas o equilíbrio da natureza que sofre com o excesso de pessoas, mas em algum momento não haverá espaço e comida suficiente para todos. A solução proposta por esse cientista é chocante e, como eu disse sobre o livro, polêmica.
Mas para aqueles que pensam que a história ficará apenas em Florença, se enganam! Veneza e Turquia entram nesse espetáculo de locais. Então você, meu lindo leitor, se pergunta: mas o que diabos a Turquia tem a ver com Inferno? Para você, meu caro, as reviravoltas que o livro dá. Para quem está cansado do bom e velho EUA ou da nublada Londres, esse cenário quase esquecido irá sugar-lhe a mente.
Mas não são apenas os cenários que me chamaram a atenção: os quadros, esculturas e livros abordados por Dan Brown roubaram meu coração. Todos os seus autores, suas histórias, seus significados e seus enigmas são impressionantes, não tem como não ficar boquiaberto com o passado de alguns. Este livro vale a pena apenas por todo esse tour entre obras.
E claro, a trama. Eu, lerda como sempre, em nenhum momento desconfiei do vilão e suas intenções. Os personagens misteriosos que resolvem explicar-se somente no final do livro também me surpreenderam. Arrisco-me a dizer que esse foi um livro que chocou a maior parte de seus leitores com as explicações inesperadas.

P.S.: desde Assassin’s creed II, tenho uma vontade anormal de ir à Itália. Alguém esta a fim de me levar até lá? 
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